O Produto Interno Bruto (PIB) divulgado na terça-feira (2) revelou que os juros elevados começaram a impactar a atividade econômica, um passo importante para alcançar a meta de inflação de 3%. No entanto, a desaceleração ocorreu de forma mais lenta do que o esperado por analistas, o que pode reduzir as expectativas sobre cortes de juros pelo Banco Central (BC) até o fim do ano.
Os Dados Principais
- Crescimento do PIB no segundo trimestre: 0,4%, superando a expectativa de 0,3% do mercado.
- Crescimento do consumo das famílias: 0,5%, metade do registrado no trimestre anterior (1%).
- Formação bruta de capital fixo: queda de 2,2%, interrompendo seis trimestres consecutivos de crescimento.
- Setor da construção: recuo de 0,2% na margem.
- Indústria de transformação: queda de 0,5% na margem.
O Cenário por Trás do Indicador
A desaceleração observada no PIB reflete, em parte, o impacto dos juros altos sobre setores mais sensíveis ao crédito, como a construção civil e a indústria de transformação. Além disso, a dissipação dos efeitos da safra recorde de grãos no início do ano também contribuiu para a redução da atividade econômica, que havia sido mascarada anteriormente. Apesar disso, o setor de serviços apresentou um desempenho que ajudou a elevar o PIB um pouco acima das previsões do mercado.
Após a divulgação dos dados, economistas do Bradesco projetaram um crescimento próximo de zero para o segundo semestre, destacando que os efeitos da política monetária restritiva tendem a ser cumulativos. O Santander também indicou uma expectativa de crescimento modesto na segunda metade do ano. Contudo, fatores fiscais, como pagamentos de precatórios, podem atenuar o impacto negativo da política monetária, enquanto um mercado de trabalho aquecido continua a sustentar a demanda.
O economista André Perfeito observou que os dados do IBGE indicam uma resiliência na atividade econômica, o que pode levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a aguardar sinais mais claros de desaceleração antes de considerar cortes de juros. Jason Vieira, economista-chefe da Lev Asset Management, também destacou que, apesar da eficácia da política monetária, as incertezas fiscais podem dificultar qualquer movimento de redução da taxa de juros ainda este ano. Por fim, Rodolfo Margato, da XP Investimentos, notou que setores dependentes de crédito estão se acomodando, enquanto atividades mais resilientes continuam a se destacar.
Conclusão
Os dados do PIB revelam um cenário de moderação econômica, com setores vulneráveis aos juros altos mostrando sinais de desaceleração. As perspectivas futuras indicam que a política monetária continuará a desempenhar um papel crucial na dinâmica econômica, enquanto os fatores fiscais e o mercado de trabalho podem oferecer suporte à demanda.
Aprofunde sua análise em nossa seção completa sobre indicadores econômicos. Veja o histórico da taxa Selic e do índice IPCA para entender o cenário completo do mercado financeiro.
Indicadores Econômicos
2025-09-06 09:35:00